5 de outubro de 2009

Conseg – Etapa Nacional

Conseg – Etapa Nacional

 

 

            O início da Conferência foi marcado pelo cansaço da viagem de madrugada, o ônibus para os delegados saiu às 3h da manhã da Lagoa, e, lá em Brasília, pela desorganização. Logo na Chegada, tivemos de enfrentar a demora do ônibus para o hotel e, ao chegarmos ao Centro de Convenções, filas enormes para o credenciamento, a situação piorava à medida que a hora avançava e nós só podíamos almoçar depois de receber a credencial. Para piorar, o ônibus para locomoção não tinha horários definidos.

            No primeiro dia já era perceptível o retrato do que viria a ser o restante da Conferência, a desorganização da dita "sociedade civil", que poderia ser representada por qualquer indivíduo, inclusive policiais, e a organização corporativa dos trabalhadores da segurança pública. Esse quadro foi ratificado várias vezes durante a Conferência.

            Pra não dizer que não falei das flores, os momentos culturais à noite foram sempre com atrações interessantes.

            Na sexta feira, iniciaram-se os trabalhos nos Gt's. Aqui começou o maior problema da Organização da Conferência: a metodologia. Além da divisão normal dos assuntos por eixo, cada eixo foi dividido em várias salas (gt's), cada uma elegendo seus princípios. Se já não bastasse a falta de diálogo com as outras salas do mesmo eixo, num mesmo Gt os participantes foram divididos em subgrupos, o que dificultou ainda mais diálogo com o grupo todo, pois somente as propostas mais votadas iriam ser discutidas pela sala toda e somente em caso de empate. Ou seja, nada de debate, só votação! Assim foi que foram "eleitos" os princípios.

            No sábado, veio a discussão sobre as diretrizes. A dinâmica da atividade foi um pouco melhor do que em relação aos princípios devido à boa condução das discussões pela facilitadora. Contudo, por melhor que fosse a condução dos trabalhos, não conseguiria anular a falta de diálogo entre propostas do mesmo eixo, separadas por salas diferentes, quando não por subgrupos diferentes. Tudo isso aliado a completa desarticulação da sociedade civil, que não conseguiu fazer uma reunião que seja para tentar afinar as propostas, proporcionaram a aberração que seria o último dia.

            O último dia da Conferência foi marcado pela aproximação dos 3 segmentos da Conferência, porém tratava-se de uma aproximação interesseira com intuito de persuadir sobre as propostas interessantes para cada um dos segmentos.

A demora para elaboração do relatório com as propostas dos Gt's fez com que atrasasse todo o processo. A tragédia das bolinhas foi consumada, mas o pior ficou para o final do dia.

            Na plenária final, que estava mais para uma platéia de programa dominical, enquanto não ficava pronto o resultado da contagem das bolinhas, Regina Miki ficou animando a platéia. Rolou de tudo, cantoria, rima, abraço pra família, e até ôla das delegações. Enquanto isso, o Governo decretava na surdina, através de uma portaria, que a Comissão Organizadora Nacional transformar-se-ia no Conselho Nacional de Segurança Pública (CONASP). Até que chega o momento mais esperado e com ele algumas surpresas: houve eixo que não teve suas três diretrizes mais votadas aprovadas como pregava a metodologia e, o mais alarmante, passaram propostas contraditórias que não foram levadas para regime de votação, ou seja, o Governo está legitimado a executar qualquer uma que entender mais conveniente.

            Esse foi o fim trágico da Conferência de Segurança Pública marcada pelo oba-oba e pelos vultosos investimentos. O debate foi retirado do processo e as organizações da sociedade civil calaram-se, algumas foram silenciadas diante do abafo do som da folia, mas a maioria deixou-se levar pela "festa da democracia".



Com o Novo Internet Explorer 8 suas abas se organizam por cor. Baixe agora, é grátis!

Nenhum comentário:

Ação!