25 de maio de 2010

Estudante africana agredida dentro da UFPB - notícia com comentários da Exma. Delegada "Racismo(...) é privar o acesso de um negro a educação"...

A Comissão de Direitos Humanos da UFPB foi acionada, assim como, o Procurador da República  e Prof. da UFPB Dr. Duciran Farena ( no momento atual Pres. do Conselho Estadual de DH`s da Paraíba), além das manifestações, solidariedade e apoio, devemos procurar os meios institucionais para que o caso não entre no esquecimento coletivo esquizofrênico do dia-dia.

Hoje em matéria vinculada na TV Local,  a Delegada reforçou a sua fala, na qual as lesões são leves e não há racismo...As lesões na alma de uma mulher negra no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, não é apenas uma tipificação penal é a reprodução da violência simbólica de nossa sociedade e instituições. Axé Eduardo F.

Estudante africana é agredida a chutes dentro da Universidade Federal da Paraíba

http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2010/05/25/estudante-africana-agredida-chutes-dentro-da-universidade-federal-da-paraiba-916683575.asp

Publicada em 25/05/2010 às 12h16m

Marcelle Ribeiro, O Globo, TV Cabo Branco

 

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JOÃO PESSOA, SÃO PAULO - A estudante de Letras Kadija Lu, de 23 anos, foi xingada de "negra-cão" e agredida a chutes dentro do campus da Universidade Federal da Paraíba na noite desta segunda-feira. O agressor, um vendedor de cartões de crédito, foi ouvido pela polícia e liberado. A delegada Juvanira Holanda, da 4ª Delegacia Distrital de João Pessoa, informou que ele não responderá por racismo nem por lesão corporal. Segundo ela, o rapaz está sendo investigado apenas por injúria e vias de fato.

" Para caracterizar racismo tem que ter uma série de coisas. Não é só chegar e falar 'sua branca', 'seu negro' ou 'seu negro safado' "

 

Para a delegada, chamar uma pessoa de 'negro' não configura crime de racismo e chutar o abdômen não é lesão corporal. Segundo a delegada, uma testemunha afirmou que o acusado disse "pega essa negra-cão" durante a confusão que se formou no campus, quando a estudante foi tomar satisfação com o vendedor de cartões por um gesto obsceno que ele teria feito para ela.

- Não houve racismo. Para caracterizar racismo tem que ter uma série de coisas. Não é só chegar e falar "sua branca", "seu negro" ou "seu negro safado". Só caracteriza racismo quando, por exemplo, você impede o acesso de um negro a educação - afirmou a delegada.

De acordo com a delegada, o acusado negou ter chamado a estudante de negra, pois ele também diz ser negro, e afirma que a estudante o empurrou e correu atrás dele.

- O que houve foi uma discussão simples - disse a delegada.

Kadija Tu é africana e estuda na universidade graças a um convênio entre o Brasil e a Guiné Bissau, seu país se origem. Segundo testemunhas, ela andava por um dos corredores do Centro de Educação do campus quando foi abordada pelo vendedor. Ele teria dado uma "cantada" na estudante e, depois, feito gestos obscenos contra ela. A jovem exigiu respeito e se indignou, ele teria então partido para agressões verbais e xingamentos racistas que culminaram na agressão física.

Estudantes intervieram e acionaram o setor de segurança da UFPB. Kadija precisou ser levada para o Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena. A assessoria de imprensa do hospital diz que ela levou vários chutes no abdômen e permanece em observação.

Já o agressor foi detido pela Polícia Militar e levado para a 4ª Delegacia Distrital do Geisel.

A delegada disse que a estudante correu atrás do vendedor ao ir tirar satisfação, depois que descobriu que os gestos feitos antes eram obscenos. Juvanira afirmou ainda que a estudante foi internada no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena devido a seu estado emocional.

- Ela está bem. Está internada porque ficou preocupada, não tem família no Brasil, ficou com o estado emocional abalado. Mas vou mandar um perito fazer exames nela - afirmou a delegada.

Juvanira disse que o rapaz foi liberado porque os delitos de injúria e vias de fato são de menor potencial ofensivo, e têm pena máxima de até 2 anos.

Em frente ao Hospital, outros estudantes africanos fazem vigília a espera de notícias sobre a amiga. Sergi Katembera, que tem 24 anos e é do Congo, explicou que por não serem familiares da jovem os colegas não tiveram acesso ao interior do hospital, mas ele lembra que Katija não tem nenhum parente no Brasil.

Sergi disse também que já amanhã a comunidade africana na UFPB, em companhia de colegas brasileiros, vão decidir que tipo de protesto farão para denunciar o caso.

- Não podemos admitir que atos como este se repitam. É uma vergonha - lamentou.

 

Estudante africana é hospitalizada após ser agredida dentro da UFPB


24/05/2010 17:41

Phelipe Caldas

A estudante de Letras Kadija Tu, africana de 23 anos e natural de Guiné Bissau, foi vítima nesta segunda-feira (24) de agressões físicas e verbais e de ofensas racistas dentro do Campus I da Universidade Federal da Paraíba. Ela estuda em João Pessoa dentro de um convênio estudantil entre o Brasil e o seu país natal e o incidente foi tão grave que ela precisou ser levada para o Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena. Já o agressor, ainda não identificado, foi detido pela Polícia Militar e levado para a 4ª Delegacia Distrital do Geisel.

Segundo testemunhas, Kadija andava por um dos corredores do Centro de Educação do campus quando foi abordado por um homem (que segundo informações extra-oficiais vendia cartões de crédito). Em determinado momento, ele teria dado uma cantada na estudante e depois feito alguns gestos obscenos contra ela.

Quando Kadija exigiu respeito e se indignou, ele teria partido para agressões verbais e xingamentos racistas que culminaram na agressão física. Estudantes intervieram e acionaram o setor de segurança da UFPB. Kadija foi levada para o Hospital de Trauma e lá deu entrada em estado regular. A assessoria de imprensa do hospital diz que ela levou vários chutes no abdômen e permanece em observação. Mas destaca que ela chegou consciente no local.

O homem, por sua vez, foi levado para a 4ª DD por policiais militares, onde prestou depoimento e foi liberado em seguida. A reportagem telefonou para a delegacia e foi informada que o agressor ainda continua detido. E que amigos da vítima também estão no local prestando depoimento e oficializando uma denúncia contra o agressor.

Em frente ao Trauma, outros estudantes africanos fazem vigília a espera de notícias sobre a amiga. Sergi Katembera, que tem 24 anos e é do Congo, explicou que por não serem familiares da jovem os colegas não tiveram acesso ao interior do hospital, mas ele lembra que Katija não tem nenhum familiar no Brasil.

Sergi disse também que já amanhã a comunidade africana na UFPB, em companhia de colegas brasileiros, vão decidir que tipo de protesto farão para denunciar o caso. "Não podemos admitir que atos como este se repitam. É uma vergonha", lamentou.


link da notícia: http://www.paraiba1.com.br/Noticia/42184_ESTUDANTE+AFRICANA+E+HOSPITALIZADA+APOS+SER+AGREDIDA+DENTRO+DA+UFPB.html

 

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